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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Insatisfação, demissões e corte de telefones: a crise financeira do Bota


Sem o Engenhão como fonte de renda, clube tenta minimizar gastos e ter mais fôlego. Chateados, atletas se revoltam com promessas não cumpridas



Reunião dos jogadores após o treino de terça-feira,
em General Severiano (Foto: Thales Soares)
A crise financeira que o Botafogo vive é muito mais grave do que aparenta e levou o clube a tomar decisões extremas para se manter de pé. Nesse momento, todos os departamentos vivem uma reestruturação, que passará por demissões para que trabalhem com o mínimo de pessoal, mantendo da melhor forma a qualidade do serviço. Os funcionários ainda não receberam os vencimentos este mês e os jogadores chegam a dois meses de atraso nos salários na quinta-feira.

Os atletas estão muito chateados com a direção, principalmente por causa do não cumprimento de promessas, e fazem questão de demonstrar isto no dia a dia. A equipe, no entanto, tem conseguido manter o bom rendimento nos treinamentos.

Por enquanto, a única baixa no departamento de futebol é o meia Fellype Gabriel, negociado com o Sharjah FC, dos Emirados Árabes. Jadson já estava vendido ao Udinese, da Itália, desde março e se apresentará ao novo clube em julho. Outras negociações são possíveis, mas apenas pelo valor da multa. O clube não tem a intenção de se desfazer de jogador algum, nem contratará reforços de peso.

Na Justiça, o Botafogo também briga para conseguir recursos. O dinheiro da negociação de Fellype Gabriel já está penhorado pela Fazenda Nacional, o que pegou o clube de surpresa, pois há quem garanta a existência de um acordo com o órgão que parcelou a dívida, que estaria sendo paga em dia, e de um limite de penhoras em 5% do valor total das receitas.


Até na programação de treinamentos foi preciso mexer por causa da crise financeira. O CT João Havelange, em Pinheiral, estava reservado para o Botafogo até domingo, mas a diretoria fez o cancelamento por telefone na noite de segunda-feira, como forma de economizar o dinheiro do aluguel e evitar um atrito com os jogadores, já que muitos não queriam viajar por causa do atraso salarial.

Após o treinamento desta terça-feira, os jogadores se reuniram em um canto do gramado. Na pauta, assuntos como a programação de treinamentos da equipe e a promessa de que o pagamento de uma parte do salário seja pago até o fim da semana. Houve até votação.

Depois da atividade da tarde, o clube divulgou a programação até o fim da semana. De quarta-feira à sexta-feira, haverá treinos em dois períodos em General Severiano. Sábado e domingo, não haverá atividade. Se o time fosse para Pinheiral, haveria folga apenas no domingo.


Engenhão deve ficar ao menos mais 18 meses
fechado para reformas (Foto: EFE)
Estádio: o maior problema

A interdição do Engenhão continua sendo o maior entrave. O clube perdeu receita e até tem problemas para encontrar lugares onde possa treinar, já que o estádio está à disposição da Fifa. O campo de General Severiano não está em boas condições, nem tem tamanho suficiente para trabalhos coletivos. Ainda não há alternativas no momento.

A diretoria segue também à procura de um estádio para jogar no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil. O Maracanã ainda é o alvo principal e novos contatos estão sendo feitos com os responsáveis pelo Consórcio Maracanã. O time volta a jogar no dia 3 de julho com o Figueirense, pela Copa do Brasil, como mandante, mas ainda sem local definido.

Por Fred Huber e Thales SoaresRio de Janeiro