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sábado, 29 de março de 2014

Apesar de salários atrasados, Assumpção confia no elenco


Mandatário alvinegro diz que jogadores do Botafogo têm responsabilidade




Jogadores do Botafogo fazem protesto antes do treino (Foto: Alexandre Loureiro/LANCE!Press)
Jogadores do Botafogo fazem protesto antes do treino
 (Foto: Alexandre Loureiro/LANCE!Press)
Apesar do protesto dos jogadores do Botafogo pelos salários atrasados, o presidente Mauricio Assumpção está confiante de que o elenco terá responsabilidade suficiente para seguir com a mesma disposição na Libertadores. Na próxima quarta-feira, o Glorioso encara o Unión Española, às 19h45, no Maracanã, num jogo que pode garantir a classificação e o primeiro lugar do Grupo 2 ao Alvinegro.

- Nós temos um grupo diferenciado. Os jogadores têm responsabilidade. Eles não são levianos. Eles têm um comprometimento com a torcida. Ano passado, enfrentamos situação parecida às vésperas de uma semifinal do Estadual e fomos campeões - lembrou o mandatário alvinegro, que falou também da grande expectativa do clube conseguir reestabelecer o Ato Trabalhista que impediria a penhora de receitas que tanto dificulta as finanças do Botafogo.

- Minha esperança em relação ao Ato Trabalhista é (reestablecer) o mais rápido possível - disse o dirigente, citando também a situação do Proforte - Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos - criado para permitir que os clubes possam parcelar suas dívidas com a União.

- Se o Proforte e o Ato Trabalhista não saírem, muitos clubes vão ficar numa situação muito difícil. 

Desde o início do ano tenho dito e sido um defensor ferrenho do Proforte. Está arriscado eu nem assistir ao jogo do Botafogo na quarta-feira porque talvez eu não consiga voltar de Brasília a tempo por causa da última audiência pública sobre o Proforte. Tem muito presidente que diz pros deputados que o clube está bem, mas não está, é mentira - comentou.


Paulo Victor Reis - LANCENET! 

Mais postos de venda são abertos, e torcida do Bota faz fila por ingressos


Jogadores puderam observar a bilheteria do Engenhão cheia na manhã deste sábado

Neste sábado, outros postos de venda de ingressos além da sede de General Severiano foram abertos para a torcida do Botafogo. E os alvinegros aproveitaram o dia ensolarado para correr em busca dos bilhetes para o jogo contra o Unión Española, quarta-feira, no Maracanã. No Engenhão, por exemplo, a procura foi grande e uma fila longa se formou. Os jogadores puderam presenciar assim que deixaram o estádio após o treinamento.
Fila em busca de ingressos na bilheteria do Engenhão neste sábado (Foto: Fred Huber)
Até o fechamento das bilheterias na sexta, cerca de 6 mil ingressos haviam sido vendidos - sem contar os sócios-torcedores. A expectativa é de que o Maracanã receba novamente um grande público, ainda mais agora que o time poderá garantir sua classificação para as oitavas de final da Libertadores.

Confira as informações:

Preços:
Setores Norte e Sul: R$70 (R$35 meia)
Leste e Oeste: R$90 (R$45 meia)
Maracanã Mais: R$160 (R$100 meia, com taxa de R$40 de serviço inclusa)

Pontos de venda:

- De 26/03 a 01/04 - 10h às 17h (no dia do jogo, de 10h às 14h)
General Severiano - Av. Venceslau Brás, nº 72 - Botafogo

- De 29/03 a 01/04 - 10h às 17h (no dia do jogo, de 10h às 14h)
Stadium Rio – (Bilheteria Norte - Botafogo) - Engenho de Dentro
Caio Martins – Av. Presidente Backer s/nº - Niterói
Casa da Vila da Feira - Rua Hadock Lobo, 195 - Tijuca
Cariocas FC - Rua Dias da Cruz, 255 - Shopping Méier
Loja Fanático - Av. Jonh Kennedy, 292, lj 217 - Lagoa Shopping - Araruama
Posto de Gasolina Ale - Rua Gois Monteiro, 195 - Botafogo

- De 31/03 a 01/04 - 10h às 17h (no dia do jogo, de 10h às 20h30)
Maracanã – Bilheteria 01 – Avenida Maracanã
Por Fred HuberRio de Janeiro

Assumpção diz entender os atletas, mas avisa: 'Não tenho como pagar'


Presidente afirma que 100% da receita do Botafogo está bloqueada e que a salvação financeira depende do Ato Trabalhista e do Proforte


Depois da demonstração pública de insatisfação dos jogadores com os atrasos de salários, o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, comentou a situação e deu um panorama pessimista a curto prazo para conseguir equacionar as dívidas. De acordo com o mandatário, o clube deve o mês de fevereiro (direito de imagem e CLT) e a premiação da classificação para fase de grupos da Libertadores, mas não terá como pagar se continuar com 100% de sua receita bloqueada.

Assumpção afirmou que entende perfeitamente o ato dos jogadores, mas que não pode fazer qualquer tipo de promessa neste momento. Ele avisou que o problema em breve vai atingir também os outros funcionários do Alvinegro.

- Não vou chamar de greve, mas esse ato dos jogadores é legítimo. Nós entendemos perfeitamente isso. Não é que eu não queira pagar, não tenho como pagar porque 100% das minhas receitas estão bloqueadas. Como que eu pago? A realidade é essa. Não posso prometer nada. Os jogadores entendem, mas estão no direito deles. Hoje são os jogadores, mas daqui a 20 dias serão os aproximadamente 400 funcionários do Botafogo que estarão nesta situação. Não vão receber os seus salários. É uma situação que aconteceu no ano passado, mas tínhamos receitas liberadas. Este ano a situação é muito ruim. Não posso nem prometer que vão receber nem caso se classifiquem. A premiação entra na conta e é bloqueada na hora. É a penhora online.

Diretoria do Botafogo reunida durante o treino do elenco no Engenhão (Foto: Fred Huber)
De acordo com Maurício Assumpção, a "salvação" do Bota passa pela sua inclusão no Ato Trabalhista e no Proforte, programas de equacionamento de dívidas e que permitiriam ao clube ter novamente receita. Na quarta-feira, o mandatário tem mais uma viagem para Brasília para tratar do assunto e espera trazer na bagagem boas notícias.

Hoje são os jogadores, mas daqui a 20 dias serão os aproximadamente 400 funcionários do Botafogo que estarão nesta situação"

Assumpção

- Se o Ato Trabalhista e o Proforte não saírem, não é só o Botafogo que vai ficar nessa situação não. Tem times que estão sem pagar direito de imagem aos jogadores há um ano. Por que esta ação dos jogadores só aconteceu no Botafogo então? Porque temos um grupo diferenciado, já mostraram isso ano passado. Apesar disso, fomos campeões cariocas. Eles têm responsabilidade. Na quarta talvez não consiga ver o jogo porque vou para Brasília para mais uma reunião para falar a verdade sobre o futebol brasileiro. Ninguém aguenta viver com um passivo desses. Desde o ano passado tenho sido um dos principais defensores do Proforte, ido a reuniões... Disse que os clubes vão enfrentar uma situação financeira muito complicada. Nós temos 100% de nossas receitas bloqueadas, e não existe como uma empresa se reerguer assim. Só gera novas dívidas.

Em reunião do Conselho Deliberativo na última terça-feira, Maurício Assumpção foi muito questionado sobre o aumento da dívida do Botafogo. O presidente tentou explicar os números e negou que o rombo alvinegro tenha passado de R$ 280 milhões para R$ 700 milhões em sua gestão.

- Tenho ouvido isso de forma leviana, o que não é verdade. Provei isso na reunião do Conselho, quando as contas foram aprovadas com mais de 70% das pessoas presentes. A dívida de R$ 280 milhões foi para R$ 370 milhões por causa de atualização monetária. O valor de R$ 700 milhões não é a dívida. Os R$ 235 milhões são obrigações contraídas que temos lastro para pagar. Então, a dívida na verdade é de aproximadamente R$ 496 milhões. A dívida de R$ 120 milhões é o que fizemos nestes cinco anos, mas também não é verdade porque pagamos R$ 96 milhões em dívidas.

Assumpção disse que não teme que este problema financeiro vá prejudicar o rendimento dos jogadores em campo, ainda mais diante da importância da partida contra o Unión Española, quarta-feira, no Maracanã, pela Libertadores. A presença da torcida, que deve comparecer em grande número, aumenta a confiança.

Tem times que estão sem pagar direito de imagem aos jogadores há um ano. Por que esta ação dos jogadores só aconteceu no Botafogo então? Porque temos um grupo diferenciado, já mostraram isso ano passado"

Assumpção

- O comprometimento deles é com a torcida, eles estão convocando para o jogo. Sabem o quanto isso é importante, o quanto precisamos dos torcedores. Temos batido recordes e recordes. Essa história de que a torcida do Botafogo não vai ao estádio acabou, temos levado mais gente do que clubes com torcidas mais numerosas. O comprometimento não é comigo, é com a nossa torcida, com o Botafogo. Por isso que eles são diferenciados.

Outro aspecto abordado pelo presidente foi a busca por reforços diante deste panorama de crise financeira. O clube tenta trazer, por exemplo, os atacantes Emerson Sheik e Fabrício Carvalho e o meia Vitinho. Assumpção garantiu que as tentativas vão continuar.

- A busca por reforços independe desta questão, ela tem mais a ver com o nosso orçamento do futebol. Se tudo que imaginamos que vai acontecer for rápido, o Proforte e o Ato trabalhista... No meio do ano temos jogadores com contrato terminando e que abrirá uma brecha no orçamento.

Treino de domingo cancelado

A paciência dos jogadores acabou depois que a diretoria prometeu quitar os salários antes do jogo desta quarta-feira, contra o Unión Española. No entanto, depois veio o comunicado que não há mais previsão para o pagamento. Em conversas internas, os jogadores sentem-se de certa forma abandonados pela diretoria, que estaria adotando discursos evasivos ao falar sobre o problema. Neste sábado, o grupo protestou antes de começar o treino. O elenco ficou dez minutos sentado antes de a atividade ser iniciada. No domingo, o elenco resolveu não treinar e a atividade foi cancelada.

Por Fred HuberRio de Janeiro

Negociação por Emerson Sheik irrita elenco do Botafogo e motiva greve




 Emerson lamenta chance desperdiçada na partida do Corinthians contra o Boca Juniors, pela Copa Libertadores da América Nelson Almeida/AFP Photo

As promessas não cumpridas e os salários atrasados até irritam os jogadores, mas não foram os únicos – e principais – motivos para a decisão de marcarem greve para o treino de domingo e protestos nas atividades de sábado, segunda e terça-feira. O estopim ocorreu mesmo por conta da negociação entre Botafogo e Emerson Sheik, atacante do Corinthians.

Jogadores ouvidos pela reportagem após a divulgação da greve revelaram que o grupo não recebeu bem as notícias de que a diretoria buscava "medalhões" para o ataque em tempos de dificuldades financeiras cada vez maiores. Os principais líderes não concordam com a chegada de reforços quando não se consegue cumprir os atuais vencimentos.

Assim, eles ficaram revoltados quando souberam através da imprensa que o Botafogo estava disposto a pagar cerca de R$ 250 mil a Emerson Sheik – Corinthians pagaria a outra metade do salário. Uma reunião estava agendada entre elenco e diretoria para a última sexta-feira, quando nenhum prazo foi dado aos atletas.

A principal alegação é que o Botafogo reduziu bem sua folha salarial – de R$ 5 milhões para R$ 3,5 milhões – com saídas de Seedorf, Rafael Marques e Oswaldo de Oliveira para manter os vencimentos em dia. Mas a promessa não foi cumprida logo no primeiro mês. E mesmo assim a dívida só foi debitada quando os jogadores fizeram cobranças duras à diretoria, que arranjou dinheiro, que diziam não ter até então.

Apesar da irritação dos jogadores, o Botafogo tem apenas quatro opções para o ataque e fará de tudo para se reforçar. Emerson Sheik está próximo do acerto, mas não há pressa já que ele poderá ser inscrito na Libertadores até 48h antes das oitavas de final. Já Fabricio Carvalho chegará assim que o Carioca acabar. Deivid está de sobreaviso caso a negociação com o corintiano não avance.

Além deles, o Botafogo ainda quer Vitinho a partir do segundo semestre. O Alvinegro até tentou trazê-lo para a disputa da Libertadores, mas o CSKA-RUS fez jogo duro, recusou a proposta de empréstimo e o clube de General Severiano perdeu o prazo de inscrição – até a próxima segunda-feira.

Bernardo Gentile
Do UOL, no Rio de Janeiro