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domingo, 20 de julho de 2014

Técnica, frieza e liderança: a volta do capitão Jefferson ao gol do Botafogo


Após mais de dois meses longe do clube servindo a Seleção, goleiro alvinegro é novamente decisivo no reencontro da equipe com as vitórias na temporada



Com defesas importantes, Jefferson foi um dos responsáveis pela
 vitória do Botafogo sobre o Coritiba (Foto: Vitor Silva / SSPress)
Foram exatos 66 dias sem ver o ídolo em campo. Desde 14 de maio a torcida do Botafogo não gritava no estádio que Jefferson é o melhor goleiro do Brasil. Mas depois de integrar a seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo apenas treinando ao lado de Junior Cesar e Victor, o ele mostrou o quanto é importante para o Botafogo. Com uma atuação segura e eficiente entre as três traves e firme na função de capitão, o camisa 1 foi decisivo na construção da vitória por 1 a 0 sobre o Coritiba, no último sábado, em Volta Redonda.

Se Renan está afastado para definir seu futuro – a intenção do reserva é deixar o Botafogo – e Andrey mostrou talento na mesma proporção de inexperiência em sua estreia como profissional – sofrendo um golaço na derrota para o Sport –, Jefferson mostrou técnica, ousadia e segurança para evitar o que poderia ser um novo tropeço da equipe como mandante.

Ele viveu momentos bons e ruins na Seleção e acho que desde a quarta-feira, quando voltou ao clube, passou muitas coisas interessantes ao grupo. Já vemos um atleta mais amadurecido pelo viveu.
Vagner Mancini, técnico do Botafogo

Logo no primeiro lance importante da partida, Jefferson deixou claro que estava aquecido, apesar do frio de 15 graus em Volta Redonda. Com menos de um minuto de jogo, Alex cobrou uma falta que exigiu habilidade do goleiro, que há mais de dois meses não disputava uma partida oficial. Mas foi no fim do segundo tempo, quando o Botafogo sofreu a maior pressão do Coritiba, que o camisa 1 fez a diferença.

Aos 31 minutos, Jefferson precisou ser arrojado para sair em cima de Germano e evitar que o volante do Coritiba criasse perigo. Aos 36, teve reflexo para defender com os pés um chute de Geraldo, de dentro da área, que desviou em Lucas antes de chegar até ele. Aos 40 minutos, no segundo round do duelo com Alex, o goleiro novamente voou em seu canto direito para impedir o gol em nova cobrança de falta do meia.

Jefferson tem atuação de gala no retorno ao Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSPress)

- O Jefferson foi fundamental no jogo, com pelo menos três intervenções muito difíceis. Sabemos que é um atleta diferenciado, um ícone do Botafogo e que tem uma história belíssima no clube. Ele viveu momentos bons e ruins na Seleção e acho que desde a quarta-feira, quando voltou ao clube, passou muitas coisas interessantes ao grupo. Já vemos um atleta mais amadurecido pelo viveu. Hoje, dentro de campo, foi uma peça fundamental - avaliou o técnico Vagner Mancini.

Aliviada com a magra vitória no sufoco, a torcida concentrou grande parte de sua comemoração em Jefferson, que foi ovacionado ao deixar o gramado do Estádio Raulino de Oliveira. Se até agora a equipe mostra dificuldade em acertar marcação, criação de jogadas e movimentação de ataque, os botafoguenses têm no goleiro o seu herói que veste a camisa 1.

Por Gustavo Rotstein Rio de Janeiro

Mancini admite jogo fraco em termos técnicos e elogia superação do Bota


Técnico reconhece que ainda há muito a evoluir, mas ressalta que o importante foi a vitória: "Atingimos o objetivo, mas óbvio que precisamos acertar muita coisa", enfatiza






O Botafogo passou longe de uma atuação empolgante. Na verdade, o time passou sufoco e a torcida vaiou alguns jogadores. O próprio treinador foi hostilizado por um grupo posicionado atrás do banco de reservas, que criticou suas opções de substituições. Mas a vitória por 1 a 0 sobre o Coritiba, neste sábado, em Volta Redonda (veja os melhores momentos no vídeo ao lado), foi muito celebrada pela equipe. O mais importante, segundo Mancini, foram os três pontos somados, que afastaram a equipe das últimas posições do Campeonato Brasileiro, numa partida que foi um duelo direto com um adversário que também luta contra o rebaixamento.

Vagner Mancini enalteceu o espírito de luta com o grupo que sofreu com desfalques e comemorou a tranquilidade para trabalhar na semana do clássico contra o Flamengo, dia 27 de julho, no Maracanã.

- De maneira geral, foi um jogo baixo em termos técnico. Mas muito disso aconteceu pelas mudanças que fomos obrigados a fazer em virtude das lesões e suspensões. Isso deixou nosso time descaracterizado. Claro que faltou muito em termos técnicos. Tivemos a chance de fazer o segundo gol e ter mais tranquilidade, mas perdemos a oportunidade no pênalti. Mesmo assim, o mais importante hoje seria vencer. Atingimos o objetivo, mas óbvio que precisamos acertar muita coisa. A equipe teve pouca posse de bola, e isso foi determinante para a pressão que sofremos no fim. Mas vencemos hoje porque houve superação. O jogadores honraram a camisa do Botafogo e compensaram esse lado técnico - disse.

Vagner Mancini exalta vitória, mas reconhece que time foi aquém do ideal (Foto: Vitor Silva / SSPress)



Confira abaixo a entrevista coletiva de Vagner Mancini após a partida:

Equipe em evolução

- Tem muita coisa para melhorar, porque alguns jogadores estão voltando, mas o Flamengo também não vive boa fase. O Botafogo vive um momento de acertos, assim como o Flamengo. Não estivemos bem em campo, não vamos contar mentiras. A defesa foi bem, e depois da entrada do Gabriel conseguimos melhorar o sistema de jogo no meio-campo. Ele se achou no meio, onde os dois volantes do Coritiba estavam com espaço. Então conseguimos também tirar o espaço que o Alex teve no primeiro tempo. Também conseguimos criar mais oportunidades de gol na segunda etapa. Até o intervalo não houve ligação com o ataque, e tivemos dificuldades para conter os avanços do Coritiba. No segundo tempo isso melhorou. A equipe teve muitos jovens e que nunca haviam jogado juntos.

Confiança

- Foi uma vitória que deu confiança para alguns jogadores. Os que entraram no segundo tempo foram bem. Então recuperamos atletas que não vinham atuando muito. Então, esse jogo serviu para muita coisa. A equipe errou muitos passes, mas por outro lado resgatamos conceitos importantes para o grupo nesse momento. Vejo um time fortalecido com essa vitória. Agora espero corrigir os erros durante a semana para sermos um time forte no clássico.

Jogadores hostilizados

- O Daniel vem de uma sequência de lesões e não esteve bem hoje. O time também não deu a ele o respaldo necessário para que pudesse desenvolver um bom futebol. É um atleta que está há algum tempo parado e que vem de seguidas lesões, então naturalmente tem uma dificuldade maior. O Wallyson lutou o tempo inteiro. Errou e acertou. Mas os jogadores não podem se abater com as vaias. Uma parte da torcida incentivou o time e outras criticaram. Isso faz parte. Acho que podemos aprender algumas coisas com o que vimos na Copa do Mundo. Vimos a torcida catando o hino do Brasil com entusiasmo e torcedores da Argentina incentivando o tempo inteiro. No Brasil somos extremamente críticos em todos os aspectos. Temos que ter o mínimo de discernimento para aprender o que foi visto durante a Copa e introduzir no nosso futebol. Não dá para viver num lugar onde você não pode levar sua família aos estádios.

Em busca do time ideal

- Tenho um time na cabeça que ainda não consegui colocar em campo. Temos sofrido muito com lesões e suspensões. Outros atletas chegaram agora e alguns não estão no ponto em termos físicos. Acredito que daqui a seis ou sete partidas vou conseguir ter essa equipe. No jogo de hoje faltaram opções até no banco. Por mais que sejam 90 dias de trabalho, existe oscilação, já que fui obrigado a fazer muitas mudanças. Por exemplo, pelo que vi nas partidas, um terceiro homem de marcação no meio dá uma sustentação melhor. O jogo de hoje foi um pouco atípico, porque tínhamos que ganhar a todo custo. Então essa superação às vezes encobre uma série de erros. Muitas vezes não há tempo hábil ou jogador no campo para corrigir. Peço mais um pouco de calma ao torcedor, porque hoje o mais importante eram os três pontos.

Tranquilidade antes do clássico

- Vou passar aos jogadores que temos que vencer. Respeitamos o Flamengo, mas acima de tudo o Botafogo tem que entregar a alma, se for necessário, porque um resultado positivo no domingo pode alavancar uma série de vitórias. Sabíamos a importância de somar pontos hoje para nos distanciarmos da parte de baixo da tabela e termos uma semana de tranquilidade. A verdade é que ainda não tive essa semana de tranquilidade desde que cheguei. Existe uma dificuldade diária para conter uma série de coisas. É preciso entender que esse jogo serve de parâmetro para nós e que a cobrança não seja exagerada. Fortalecemos o conceito de grupo e vimos que eles foram colocados em prática no campo. Porque não adianta passar algo e ele não ser absorvido.

Volta de titulares contra o Flamengo

- O Carlos Alberto fez exames e não mostraram lesão. Na segunda ele já treina com o grupo. O Jorge Wagner deve precisar de duas semanas de recuperação no mínimo, é o que eu suponho. Mas teremos a volta de Emerson e Edílson. Esses jogadores vão dar ao Botafogo uma cara diferente, porque os adversários respeitam muito. Temos uma boa chance de contarmos com um time forte no domingo.

Retorno de Jefferson

- O Jefferson foi fundamental no jogo, com pelo menos três intervenções muito difíceis. Sabemos que é um atleta diferenciado, um ícone do Botafogo e que tem uma história belíssima no clube. Ele viveu momentos bons e ruins na Seleção e acho que desde a quarta-feira, quando voltou ao clube, passou muitas coisas interessantes ao grupo. Já vemos um atleta mais amadurecido pelo viveu. Hoje, dentro de campo, foi uma peça fundamental.

Por Gustavo RotsteinVolta Redonda, RJ