Páginas

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Estudioso, Murilo comemora a vaga de titular no dia do seu aniversário




Atacante, que fez questão de não abandonar os estudos na juventude, completa 20 anos nesta sexta-feira, é confirmado no jogo contra o Cruzeiro e celebra oportunidade



Nesta sexta-feira, quando completou 20 anos, Murilo recebeu a notícia de que será pela primeira vez titular do Botafogo. A oportunidade veio com apenas um mês de clube para um atacante que foge dos padrões de seus colegas de profissão. Iniciou no futebol tarde, aos 15 anos, em São José do Norte (RS), sua cidade natal, e, por conta própria, se recusa a abandonar os estudos.

Murilo conquistou a confiança do grupo e do técnico Vagner Mancini e será titular no ataque do Botafogo na decisiva partida contra o Cruzeiro, líder do Campeonato Brasileiro, neste domingo, no MIneirão. (Foto: Vitor Silva / SSPress.)

Murilo conseguiu concluir o Ensino Médio enquanto atuava nas categorias de base do Caxias. Viajava o Rio Grande do Sul disputando campeonatos, treinava e, por isso, tinha dificuldades de frequentar a escola à noite. Assim, precisava acumular tarefas e de vez em quando se via obrigado a fazer quatro provas num mesmo dia.

Enquanto mostrava seu talento no campo e era contratado pelo Internacional, Murilo não deixava de lado o hábito de estudar. Atualmente, o agora titular do Botafogo usa seu tempo livre para expandir o conhecimento, de olho no futuro.

- Vou deixar para fazer vestibular mais tarde, talvez curse Educação Física. Mas enquanto isso vou estudando por conta própria os assuntos que me interessam. Gosto de aprender inglês e leio muito sobre Geografia, principalmente sobre países e suas capitais. Tenho livros e consulto os assuntos também na internet - disse.

Neste domingo, contra o Cruzeiro, no Mineirão, será a vez de Murilo mostrar sua aplicação dentro de campo. O técnico Vagner Mancini o escolheu para substituir Wallyson, machucado, e deixa claro que confia no jovem de 20 anos para buscar gols e cumprir algumas obrigações táticas.

Murilo não abandonou os estudos durante a
adolescência (Foto: Vitor Silva / SSPress.)
- O Murilo chegou tarde, mas logo foi bem aceito no grupo porque existe o consenso de que pode nos ajudar. Fico tranquilo por escalá-lo porque, apesar de jovem, tem capacidade física e tática para atuar por um lado que é um ponto forte do ataque do Cruzeiro, o direito - analisou.

O atacante sabe que a partida contra o líder do Campeonato Brasileiro será importante para mostrar suas credenciais e se firmar na posição de um reforço para o Botafogo, principalmente visando à próxima temporada. Murilo, entretanto, diz estar tranquilo diante da responsabilidade.

- O melhor presente de aniversário foi saber que o Mancini me confirmou como titular. Sair jogando domingo é um presentão, mas ajudar o time a vencer seria melhor ainda. Estou feliz no Botafogo e tenho recebido o apoio de todos. Tenho entrado aos poucos e espero poder mostrar meu futebol também para que a torcida me conheça mais - afirmou Murilo.

Por Gustavo RotsteinRio de Janeiro

Fraco no confronto direto, Bota aposta em "grandes jogos" para sobreviver


Jogadores afirmam que duelos como o diante do Cruzeiro, neste domingo, podem alavancar confiança na luta contra o rebaixamento



Carlos Alberto tem certeza de que o Cruzeiro respeitará
 o Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSpress)
Uma das saídas para um time escapar do rebaixamento é levar a melhor no confronto direto com equipes que ocupam a mesma faixa da tabela. Mas pontos conquistados em partidas contra os times que lutam pelo título ou por vaga na Libertadores também dão moral e confiança. Com poucos resultados positivos alcançados quando enfrentou seus concorrentes imediatos, o Botafogo mira o duelo contra o líder Cruzeiro, neste domingo, como a chance de impulsionar sua luta para sair do Z-4.

Até porque não foram muitos os bons resultados contra os times que também lutam para permanecer na Série A. Por exemplo, recentemente o Botafogo perdeu para Bahia, Vitória, Palmeiras e Coritiba. Por outro lado, empatou com o Cruzeiro no primeiro turno e venceu os clássicos contra Fluminense e Flamengo. Além disso, levou a melhor sobre o Corinthians.

- Vai ser um confronto muito difícil e disputado. O Cruzeiro está em momento de oscilação no campeonato, algo que não tinha acontecido. Está pressionado, mas em outra dimensão. Vai ser uma partida de muita disputa, mas tenho certeza de que nesses grandes jogos o Botafogo vai bem. Vamos fazer boa partida em Belo Horizonte - afirmou o volante Gabriel.

Pior campanha do Brasileiro como visitante (12 derrotas, dois empates e uma vitória), o Botafogo estará neste domingo diante do dono da melhor marca como mandante (11 vitórias, dois empates e duas derrotas). Para o meia Carlos Alberto, entretanto, este não é um motivo para diminuir a motivação do time alvinegro.

- Tabus foram feitos para serem quebrados. No futebol existe um certo favoritismo de uma equipe em relação a outra, mas isso só vai até o momento em que o árbitro apita o início da partida. Dizem que o Cruzeiro não está em bom momento, mas para mim, liderar o campeonato é estar em bom momento. Tenho certeza de que o adversário vai nos respeitar - disse o camisa 19.

Por Gustavo RotsteinRio de Janeiro

Botafogo tem ano trágico, mas mostra esperança com 'luz no fim do túnel'



Rogério comemora gol pelo Botafogo contra o Flamengo DANILO MELLO/FOTO 

Apesar de ainda não constar na pauta oficial, o Botafogo deverá ser julgado pelo TRT (Tribunal Regional Trabalhista) no próximo dia 6. Não tem nada definido, mas a expectativa para voltar ao Ato Trabalhista é grande. Mais que isso. Ela representa uma luz no fim do túnel de uma temporada trágica para o Alvinegro. Além da interdição do Engenhão, as penhoras são o principal motivo para o clube agonizar financeiramente. Isso sem contar o desempenho dentro de campo: eliminado na Libertadores e Carioca e péssima campanha no Brasileiro.

Caso o pedido seja aprovado e o Botafogo retorne ao Ato Trabalhista, a crise financeira será bastante atenuada. Isso porque os credores com dívidas trabalhistas terão que respeitar uma fila para cobrar o Alvinegro, que, por sua vez, terá que destinar uma porcentagem de sua renda mensal para quitar essas dívidas.

Fora do Ato, o Botafogo viu 100% de sua renda ser penhorada pelos inúmeros credores, sem que houvesse uma fila. Dessa forma, o Alvinegro ficou sem o dinheiro e passou a atrasar os salários dos atletas. Alguns jogadores chegaram a ficar sete meses sem receber direito de imagem e contaram com a ajuda de torcedores influentes para minimizar o estrago.

Oficialmente o Botafogo afirma ter saído do Ato em julho de 2013 por já estar negociando um novo ato, em condições mais favoráveis, o que não ocorreu até agora. Extraoficialmente, no entanto, a história é diferente. Confiante na aprovação do refinanciamento das dívidas, o Alvinegro parou de pagar o Ato porque achava que não teria maiores consequências.

Recentemente, o Ministério Público do Trabalho concedeu parecer favorável ao retorno do Botafogo ao Ato Trabalhista, o que enche a diretora de otimismo para o julgamento do próximo dia 6 no TRT. Caso isso se confirme, o Alvinegro terá mais facilidade para manter os salários em dia, o que tem causado problemas desde o início do ano.

Apesar de ter saído do Ato Trabalhista em julho de 2013, os problemas estouraram mesmo na atual temporada. Em meio a disputa da Libertadores, os jogadores protestaram contra salários atrasados e sentaram durante alguns dias antes de cada treinamento. As reinvindicações só cessaram após a eliminação da equipe na competição internacional.

O clima pesado se manteve e a fase ruim do Botafogo dentro de campo se estendeu para o Campeonato Brasileiro. A situação ficou ainda mais complicada após o presidente Maurício Assumpção decidir reaparecer no clube – ele havia se afastado para evitar problema com jogadores. E ele voltou com muita polêmica ao anunciar a demissão de quatro titulares: Emerson Sheik, Bolívar, Edílson e Julio Cesar.

A sete rodadas do fim do Brasileiro, o Botafogo segue na luta contra o rebaixamento. A certeza da permanência na elite está longe de General Severiano. Mesmo assim, a esperança já pode ser percebida. Com a volta ao Ato Trabalhista, o Alvinegro poderá, aos poucos, retomar seu devido lugar no futebol brasileira e recuperar o prestígio abalado após uma trágica temporada que ainda não terminou.

Bernardo Gentile
Do UOL, no Rio de Janeiro