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sábado, 15 de novembro de 2014

Fluminense vence o Botafogo, cola no G4 e afunda ainda mais o rival


Debaixo de forte chuva no Macaranã, Edson marcou de cabeça na segunda etapa e deu a vitória ao Tricolor. Time das Laranjeiras subiu para a quinta colocação




Fluminense x Botafogo. (Foto: Agência Lance!Press)
Edson comemora o gol da vitória Tricolor (Foto: Agência Lance!Press)

Com o Fluminense lutando por uma vaga no G4 do Brasileiro e o Botafogo na briga contra o rebaixamento, era proibido empatar no Maracanã. E o Flu seguiu isso à risca. Com gol de Edson, o Tricolor bateu o Alvinegro por 1 a 0 neste domingo e deixou o rival ainda pior na tabela de classificação.

Primeiro tempo foi debaixo de muita chuva no Maracanã (Foto: Cleber Mendes/LANCE!Press)
Com o resultado, o Fluminense subiu para a quinta colocação na tabela do Brasileiro. O Botafogo, com 33, permanece na 18ª posição. Na próxima rodada, o Fluminense encara a Chapecoense, quarta-feira, no Maracanã. Um dia antes, em São Januário, o Botafogo recebe o Figueirense.

PRIMEIRO TEMPO


A partida começou bastante equilibrada e movimentada. Logo aos cinco minutos, Régis cobrou falta, Marcelo Mattos subiu para cabecear e Cavalieri fez bela defesa. O Fluminense, com maior posse de bola, tentava chegar à área do Botafogo na base do toque. Entretanto, o Tricolor pecava no último passe. Aos 16 minutos, Sobis arriscou um cruzamento, mirando Fred na área, mas Jefferson saiu para segurar a bola.

Mesmo com a maior posse de bola para o lado tricolor, foi do Botafogo a melhor chance do primeiro tempo. Aos 26, Carlos Alberto recebeu sozinho no ataque, cara a cara com Cavalieri. O meia perdeu o tempo de bola ao tentar uma firula e acabou desarmado por Marlon. Continuando com a proposta do toque de bola, Rafael Sobis apareceu na ponta da grande área e arriscou um chute cruzado. Mas Jefferson, cara a cara com o atacante, esticou-se todo para fazer a defesa.

SEGUNDO TEMPO


Os times voltaram para o segundo tempo sem alterações. O Fluminense seguia com a proposta do toque de bola, enquanto o Botafogo se acuava cada vez mais. Aos seis minutos, entretanto, o alvinegro teve boa chance. Andreazzi puxou contra-ataque e arriscou um chute da entrada da área. Aos nove minutos, o volante saiu para a entrada do argentinoBolatti. No entanto, aos 15 minutos, o Flu teve a primeira boa chance da segunda etapa. Conca recebeu totalmente livre na área para cabecear. O zagueiro Dankler afastou quase na linha do gol.

O Fluminense abusava das bolas alçadas na área do Botafogo para tentar o gol. Mas, como diz o velho ditado, "água mole em pedra dura tanto bate até que fura", o tricolor conseguiu. Aos 28 minutos, Wagner cruzou na área alvinegra, Edson subiu mais que André Bahia e testou para o gol. Jefferson até encostou na bola, mas não conseguiu impedir a vantagem do Flu no placar.

Depois disso, o Fluminense conseguiu manter ainda mais a posse de bola que já era superior. O Botafogo tentava contra-atacar, porém, de forma desorganizada. O Tricolor, literalmente, cozinhou o jogo até o apito final.

FICHA TÉCNICA

FLUMINENSE 1 X 0 BOTAFOGO

Local:
 Maracanã (RJ)
Data-Hora: 15/11/14 - 19h30 (de Brasília)
Árbitro: Péricles Bassols (RJ)
Auxiliares: Dibert Pedrosa (RJ) e Gilberto Stina (RJ)
Cartões amarelos: Marlon, Andreazzi, Rafael Sóbis, Edson, WagnerGegê, Marcelo Mattos
Cartões vermelhos: 
Não houve

Gol: 
Edson (29'/2ºT)

FLUMINENSE:
 Cavalieri; Jean, Marlon, Guilherme Mattis e Chiquinho; Valencia, Edson, Wágner e Conca; Rafael Sobis (Walter - 20'/2º) e Fred - Técnico: Cristovão Borges

BOTAFOGO: 
Jefferson; Régis, Dankler, André Bahia e Sidney (Bruno Correa - 30'/2ºT); Marcelo Mattos, Andreazzi (Bolati - 9'/2ºT), Gabriel e Carlos Alberto; Murilo e Jobson (Gegê - 17'/2º) - Técnico: Vágner Mancini.


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Jefferson lamenta ver vínculo com Botafogo perto do fim: "Fico triste"


Goleiro pretende conversar para saber pretensões de futura diretoria e, assim, tentar ficar e reforça que situação atual do time não permite pensar em salários atrasados




O Botafogo ainda não sabe se terminará o ano na Série A ou na Série B. Se vai brigar até a última rodada ou se terá seu destino selado antes. Mas talvez no clube exista somente uma certeza. A de que Jefferson será o único poupado das críticas. Objeto de uma idolatria que cresce à medida que o futuro da equipe fica mais sombrio, o goleiro mostra confiança, mas não esconde a tristeza. Tristeza de saber que pode estar no fim o vínculo com o clube que o fez ser considerado o melhor goleiro do Brasil e a realizar o sonho de chegar à Seleção principal.

Por conta das dificuldades financeiras atuais e falta de perspectiva de melhora num futuro próximo, Jefferson tem consciência de que sua permanência no Botafogo está cada vez mais complicada. O goleiro completa cinco anos de sua segunda passagem por General Severiano no clássico contra o Fluminense, neste sábado, mesmo dia em que chega a 365 partidas com a camisa alvinegra. Ele lamenta que poderá não cumprir o plano de encerrar a carreira no clube.

- Fico triste por saber que talvez pode estar acabando esse vínculo. Se realmente for acabar, vai ser com paixão e sabendo que dei o meu melhor - disse ele, em entrevista ao GloboEsporte.com.

Na conversa, Jefferson deixou claro que jamais promoveu qualquer rebelião por conta dos salários atrasados ou procurou atingir pessoalmente o presidente Maurício Assumpção. O camisa 1, entretanto, lembra que internamente alertou o clube que o colapso poderia chegar, mas garante que o momento atual não permite pensar em dívidas, salários atrasados ou outros problemas. O esforço e a confiança são todos para livrar o Botafogo do rebaixamento.

- O dinheiro nesse momento não vai influenciar em nada. Hoje é questão de coração, questão de honra.

Jefferson pretende conversar sobre permanência com futura diretoria alvinegra (Foto: Gustavo Rotstein)

Confira a entrevista completa com o goleiro Jefferson

GloboEsporte.com - Qual o diagnóstico que faz da situação do Botafogo?


Jefferson - É difícil de falar, até porque as coisas que a gente comenta externamente podem acabar expondo algumas questões. Mas sabemos que neste ano nada deu certo em todos os sentidos, dentro e fora de campo. Estamos todos colhendo o que plantamos. No ano passado nos classificamos para a Libertadores e agora estamos a ponto de entrar de férias brigando para não cair. É triste, mas temos que trabalhar a fazer o máximo possível para a situação melhorar.

Ainda é possível estar otimista diante de um cenário tão desfavorável, com lesões e resultados ruins? O que prevalece para você: pensamentos otimistas ou pessimistas?

Os dois, não se pode ser hipócrita. Não tem como não ficar chateado e triste. À vezes passa pela cabeça que vai dar (para escapar do rebaixamento), mas quando vejo algumas coisas acontecendo eu me pergunto: será que vai dar? Se for perguntar ao torcedor, ele diz que acredita. Eu acho que ainda dá tempo. Tempo de fazermos em cinco jogos tudo o que não fizemos no ano todo para sairmos dessa situação. Mas também não adianta ficar nessa falsa esperança de que acredita e não mudar, não fazer diferente.

Você sempre foi um dos líderes da reivindicação de salários atrasados. Diante da situação atual, isso está colocado de lado?

Quero deixar bem claro que, por ter quase 14 anos como profissional, sei quais caminhos levam ao título e quais levam à briga contra o rebaixamento, à vitória e à derrota. Não sou polêmico, mas quando começou o ano, fiz questão de alertar sobre o que poderia acontecer lá na frente. As minhas reivindicações nunca foram para mim. Também nunca expus nada à imprensa. Sempre foi para o grupo, porque sabia que se as coisas não se resolvessem elas iriam capengar e inclinar para a situação que está hoje. Em nenhum momento fiz rebelião, apenas alertei para a possibilidade de vivermos o momento atual. Mas agora não tem mais o que falar, o que reivindicar. O dinheiro nesse momento não vai influenciar em nada. Podem pagar bicho de R$ 500 mil que não vai resolver. Você vê torcedores pedindo com todo carinho, toda paixão, para livrar o Botafogo do rebaixamento. Então, hoje é questão de coração, questão de honra.

Se falou que você estaria na lista de dispensados junto de Emerson, Bolívar, Edilson e Julio Cesar, mas foi poupado por conta de sua condição de ídolo e porque o clube pode ganhar dinheiro ao negociá-lo. O que chegou até você sobre a situação?

Jefferson em entrevista: pensamentos variam entre
Série A e Série B (Foto: Gustavo Rotstein)
É bom deixar bem claro o seguinte: os quatro jogadores não foram dispensados por suas reivindicações. Não tem a ver uma coisa com a outra. A explicação que o presidente deu não teve a ver com isso. Todas as minhas reivindicações aqui não foram para o Maurício Assumpção ou para alguém da diretoria. Simplesmente pedi a presença do presidente no clube. Isso não é uma ofensa. Ofensa é falar mal. E eu nunca falei mal do Maurício ou da diretoria. Simplesmente, como capitão e líder, pedi a presença do nosso comandante no dia a dia. Tanto é que hoje, mesmo com todas as divergências, nos damos superbem. Não adianta mais falar de salário, agora é fugir do rebaixamento. E essa questão de eu também ser mandado embora, isso foi especulado. Mas depois daquela decisão, o presidente me disse que eu não tinha nada a ver com aquilo e que, mesmo com as desavenças que tivemos, me respeita como capitão do Botafogo. Não tem nexo dizer que eu estaria naquela mesma situação. Isso nunca passou pela cabeça de ninguém.

O que pensa de seu futuro no clube? O Botafogo lhe deve dinheiro. Isso pode pesar nas conversas para permanência em 2015?

Vou ser sincero: nesse momento, não estou com cabeça para pensar em sair ou ficar no Botafogo. O clube vive ano de eleição, e não sei quais os planos do próximo presidente. Serão muitas coisas a resolver em vários aspectos: profissional, planejamento, financeiro. Não estou no Botafogo pelo aspecto financeiro, mas para ajudar o time a sair dessa situação. Depois do dia 25 vamos sentar e ver o planejamento.

Montenegro disse que o clube dificilmente vai poder bancar seu salário em 2015. Isso te deixa mais longe do Botafogo no ano que vem?

Li a declaração do Montenegro, que é uma pessoa que admiro bastante. Tenho contrato com o Botafogo (até dezembro de 2015) e gosto muito do clube. Mas se a próxima diretoria conversar e disser: “não vamos mais poder ficar com você”, vamos acertar o que temos para acertar e ver o que é melhor para as duas partes. Se não puderem me encaixar no projeto do Botafogo, vamos ver o melhor caminho.

Mas e se disserem para conversar, mostrando estarem dispostos a ajustar pendências para que permaneça?

Sem dúvida que sim. Também quero deixar claro que não estou ganhando R$ 400 mil, como foi comentado. Isso não é verdade. Mas claro que não tem problema, até porque o carinho que sinto pelo Botafogo é imenso. Se quiserem conversar, podemos entrar num acordo. Mas se a declaração do Montenegro for a da próxima gestão, aí é vida que segue.

Você já tem certeza se vai ficar ou ir embora? Um eventual rebaixamento vai ter influência?

Jefferson chega a 365 jogos pelo Botafogo neste
 sábado (Foto: Agência Getty Images)
Claro que o rebaixamento passa pela minha cabeça e acho que deve passar pela cabeça de todos, pela seriedade e pela importância de o Botafogo permanecer na Série A. Mas também não é demérito jogar a Segunda Divisão. Estamos num clube de história. Além disso, eu cheguei aqui para jogar a Segunda e em nenhum momento pensei nisso. Para mim não mudar jogar a Segunda, o que muda é a cabeça e o planejamento dos que estiverem aqui, de pensar grande e de disputar grandes competições. A Segunda Divisão é apenas um campeonato no segundo semestre. Além dela há o Carioca e a Copa do Brasil, na qual se joga contra os grandes. Então não muda nada.

Você pretende conversar com a nova diretoria daqui a duas semanas para ter noção das perspectivas do clube?
Isso me interessa, com certeza. Porque todos os jogadores querem disputar competições de alto nível e com grandes jogadores. Hoje temos atletas qualificados, mas muitos precisam amadurecer um pouco. Para estar em alto nível é preciso ter jogadores acostumados a disputar títulos. Então, penso, sim, nesse planejamento.

Atualmente você é o único jogador poupado de críticas e aplaudido pela torcida, que tem orgulho de ter você no time e lhe vê como uma esperança. Qual o peso disso em meio a essa situação? Talvez uma responsabilidade grande demais?

Não adianta mais falar de salário, agora é fugir do rebaixamento
Jefferson


Encaro com naturalidade. A torcida não olha o jogador no momento, mas sim o que ele já fez, o que rendeu e o que representa para o clube. Nesses quatro anos sempre vesti a camisa, honrei e trabalhei competindo em alto nível. Hoje o Botafogo está na zona de rebaixamento e tem o goleiro da seleção brasileira. Isso significa que estou no caminho certo, que não tirei o foco e não deixei que as coisas ao meu redor atrapalhassem. Há o reconhecimento dos torcedores por saberem que o jogador, independentemente do momento, está representando o clube. Isso dá mais força para ajudar o Botafogo a sair dessa situação.

Você saiu do Brasil com 22 anos e passou quatro na Turquia. Tem o desejo de retomar a carreira internacional ou acha que permanecer no Brasil seria mais interessante para suas ambições de títulos ou com a Seleção?

Claro que todo jogador pensa em atuar num grande clube da Europa e disputar as competições importantes que a gente assiste aqui. Mas isso não me encanta no sentido de pensar que tenho que ir de qualquer maneira. Se você mantiver a seriedade e for firme, terá o reconhecimento. Hoje não tenho como pensar nada em relação a isso. Até alguns meses atrás eu pensava em ficar e me aposentar no Botafogo. Hoje a gente vê o Montenegro dizendo que vai ser difícil ficar comigo no ano que vem. É questão de sentar e conversar. Claro que eu tenho vontade de voltar à Europa, mas se a próxima gestão confirmar que não vai conseguir ficar comigo, aí sim vou abrir esse meu outro lado de garoto, talvez, e buscar a oportunidade de, de repente, disputar uma Champions League. Sou tranquilo, pé no chão, e não começo a pensar aqui nem lá. Penso no momento que estou vivendo.

Não pode mais afirmar que vai encerrar a carreira no Botafogo. Como lida com isso?

Vou ser sincero. Está sendo difícil. Somos profissionais e, por isso, às vezes frios até demais em relação a esse sentimento. Mas aprendi a vestir a camisa. Acho que todos os jogadores têm que pensar assim. Vestir a camisa de seu clube, seja qual for, com paixão e sentimento. Hoje eu faço isso pelo Botafogo. O que não quero ver – e que sempre vejo em vídeos de times que caíram para a Segunda Divisão – é o semblante dos torcedores nas arquibancadas, nas ruas, crianças chorando... Como vai ser o fim de ano dessas pessoas? Hoje estou pensando nesses torcedores e fico triste por saber que talvez pode estar acabando esse vínculo. Se realmente for acabar, vai ser com paixão e sabendo que dei o meu melhor.

Por Felippe Costa e Gustavo RotsteinRio de Janeiro/GE